quarta-feira, 9 de maio de 2012

Saudades de Antero - Regresso

Aqui estamos, Saudades de Antero retoma a actividade


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aqui se inicia o segundo "Saudades de Antero"

Em 2003 iniciei o blog Saudades de Antero". Interrompido durante uns anos, hoje retomo o projecto: Filosofia, Poesia, Comunicação Visual. Sempre com Antero em fundo.


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sábado, 20 de outubro de 2007

Actividades em Breve

Depois de uma longa pausa na actualização deste site, em breve ele será preenchido com as nossas actividades.

Actividades em Breve

Depois de uma longa pausa na actualização deste site, em breve ele será preenchido com as nossas actividades.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Minha Senhora da Solidão - I N R I


IGNE NATURA RENOVATUR INTEGRA

Minha Senhora da Solidão
Jorge Palma


Minha senhora da solidão
Minha senhora das dores
Quanto tempo falta para te ver sorrir
Quantas misérias ainda vais exibir
Quanto tempo mais vou ter de te ouvir queixar?
Minha senhora da solidão
Vê como o Sol brilha hoje
Odeio ver-te sempre de luto
Gostava de ver o teu olhar enxuto
De descobrir alguma graça no teu andar
O teu crucifixo não me ilumina
E o teu sacrifício não me pode fazer bem
Não é bom para ninguém
Huuum, não ajudas ninguém...
Minha senhora da solidão
Minha senhora dos prantos
Tens um "ai" encravado na boca
Que dia após dia te sufoca
Precisas de bem mais que uma simples oração
Minha senhora da solidão
Minha senhora das culpas
Tenho que evitar o teu contágio
Não quero mais saber do teu naufrágio
A praia esteve sempre ao alcance da tua mão
O teu crucifixo não me ilumina
O teu sacrifício não me pode fazer bem
Não é bom para ninguém
Huuum, não ajudas ninguém...

sábado, 16 de dezembro de 2006

Natal-2006 - Oratório São Raphael Arcanjo



Chamamos hoje «Natal» às ancestrais celebrações do Solstício de Inverno. O Cristianismo Romano, na tentativa de absorver os ritos pagãos, associou a data do Solstício a uma hipotética data de nascimento de Jesus.

Uma vez que nada, ou quase nada, sabemos dessa personagem que foi Jesus de Nazaré, mas que deixou um lastro amoroso da sua passagem pela Terra, parece-me aceitável que, sendo cristãos ou sentindo uma profunda identificação com o seu único mandamento: «Ama o teu próximo como a ti mesmo!», se celebre a chegada do Inverno, tendo como símbolo o nascimento. Não só o de Jesus, mas como faziam os cristãos primitivos, o nascimento em si, esse milagre absoluto de Luz imensa.

Visto desta forma, a celebração do Natal deveria ser uma festa de profunda alegria e regozijo, por todas os meninos que vêm ao mundo, mas uma festa de total simplicidade, de intima reflexão e, principalmente, da entrega compassiva do nosso coração aos outros, incondicionalmente, amorosamente. Nada mais e já seria tanto.

Infelizmente, a utilização desta «Festa do Nascimento», foi-se degradando e hoje pouco mais é que uma noite de ostentação, desperdício, e hipocrisia. Uns, cegos pelos consumo, confundem a alegria, com a exibição obscena do dinheiro que têm e não têm, com banquetes, com a embriaguês e a fuga si mesmos (mais uma vez). Outros vivem o sofrimento da solidão, de não poderem corresponder aos mesmos padrões de «festa» como fazem aqueles que nesta data apenas ostentam o seu ego e a sua falsa amizade.

Como pode alguém chamar ao Natal a festa da família, quando qualquer sentimento de solidariedade apenas se revela nessa noite. Um dia mais tarde e o verniz estala e voltam todos os conflitos e invejas e incompatibilidades.

Observando com alguma atenção a maneira como hoje se vive esta data, bem se poderia dizer (já que hoje o patrocinador oficial do Natal é o “Pai-Natal”, o velhote da Coca-Cola) que se o Natal tivesse, neste IIIº milénio, um slogan seria certamente: «Hipócritas de todo o mundo, uni-vos!».

Talvez seja altura de inverter todos os vícios que ganhámos ao longo do tempo em relação a esta celebração. Talvez fosse altura de envés de cozinharmos faustos manjares, fizéssemos um jejum, pensando em todos os milhões de seres que em todo o mundo morrem de fome a cada segundo. Talvez seja altura de envés de reunirmos tropas familiares com munições de sorrisos falsos, nos recolhermos em retiro, pensando em todos aqueles que estão verdadeiramente sós. Talvez seja altura de regressar à alegria sóbria e puramente sentida, do milagre que é o nascimento e, usando as palavras de Jesus, amarmo-nos uns aos outros em permanência.

Rev.Padre Frederico Mira George

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Nunca é Tarde Para Se Ter Uma Infância Feliz



Nunca É Tarde Para Se Ter Uma Infância Feliz
Poema e Música: Mestre Jorge Palma

A gente já não sabe o que há-de fazer com a lua
Gerou-se um curto-circuito no canal telepático
E a caverna clandestina por detrás da cascata
Onde os amantes se entregavam à eternidade
Hoje não passa dum moderno armazém de sucata
Existem mil produtos para encher o vazio
Criámos computadores para ampliar a memória
E todos nós temos disfarces para aumentar a confusão
Só não sabemos como fazer o amor durar
O grande enigma continua a dar-nos cabo do coração

«Olá, a que horas parte o teu comboio?
O meu é às cinco e trinta e três
Ainda falta um bom bocado,
Queres contar-me a tua história?
Espera, deixa-me adivinhar,
Vais recomeçar noutro lado...
Trazes escrito na bagagem
Que a coisa aqui não deu...
Quanto a mim, também me sinto um pouco desenraizado... »

Também o amor se adapta às leis da economia
Investe-se a curto prazo e reduz-se a energia
E quando o barco vai ao fundo ninguém quer ser culpado
Mas nunca é tarde para se ter uma infância feliz
O cavaleiro solitário ainda sonha acordado

domingo, 3 de dezembro de 2006

Maria Beatriz Branco - Homília de Requiem



ECCLESIA CATOLICAE LIBERAT



Homília de Requiem


no terceiro dia da ascensão de maria beatriz serpa branco, in memoriam.
para fernando serpa branco

foram encontros de amor que fizeram com que a nossa irmã beatriz tenha sido o ser excepcional que foi. que é. não as doutrinas, as instituições ou recurso ao intelecto que nela fizeram desabrochar o «dom» de saber fazer despertar em todos os que com ela se cruzaram, a consciência de que podiam ser livres, despertos e, principalmente, amorosos.

um desses encontros de amor, de um amor feroz, foi o encontro com o seu companheiro de sempre, fernando serpa branco, pólo complementar, sustentáculo seguro de um permanente confronto, de onde sempre nasceu uma poderosa luz.

ao longo da sua vida, beatriz interessou-se por muitas coisas que sempre viveu com intensidade: a filosofia, o encontro entre as religiões, a teosofia, a experiência transmitida por kristnamurti. pertenceu a organizações várias, umas que deixou, outras onde permaneceu até ao fim deste seu ciclo de vida, como é o caso da sociedade teosófica e do ramo dessa instituição que fundou com fernando serpa branco há quase meio século.

através das oportunidades que a vida nos traz, tive, como muitas dezenas de pessoas, a possibilidade de conviver (com-viver) com eles (beatriz e fernando) dentro da sociedade teosófica, através do ramo «boa vontade», em évora, e fora desse círculo.

neste momento em que olhamos para a sua partida e, inevitavelmente, lembranças várias, conversas, momentos de carinhosa partilha, vêm à memória. reparo que os momentos fundamentais de oferenda da sua compassiva existência, não foram os vividos no seio das instituições, mas os que espontaneamente aconteceram. flutuantes, descontraídos, entre o riso e o sorriso.

beatriz foi um ser voador, um pássaro ardente e fernando um ninho de exemplo, afecto e acolhimento. seres assim não têm cabimento no que é conhecido, naquilo que é convencional e instituído.

não sei se beatriz foi filósofa, teósofa, isto ou aquilo. sei que sempre foi um ser íntimo, um poema em construção, um poema incontrolável, sem tempo, papel ou caneta. a ordem tirada do caos. a força arrebatadora e indomável, talvez até autoritária – a força que todos os poemas têm e fernando, a perfumada toalha de linho onde se envolvia a criança permanente que beatriz foi. felizmente contraditória, paradoxal e corajosa.

o legado que nos fica é o mais simples e complexo: ser livre. o que é ser livre? essa foi a pesquisa que ambos nos ensinaram a enfrentar


Reverendo Padre Frederico Mira George.'.

sábado, 25 de novembro de 2006

Carta nº 2



Carta nº2


É um facto que temos as nossas mentes formatadas, ou pela acção impulsiva, ou pelo extremo oposto, a repressão absoluta das nossas emoções.
Vivemos como se estivéssemos ligados a um controlo remoto – entalados entre a atracção e a repulsa.
Agindo desta maneira, é comum vivermos, como consequência, dois tipos de comportamento: ou o sentimento de culpa ou a rápida auto-desresponsabilização, inventando rapidamente qualquer justificação.
E, assim, as nossas vidas vão avançando no tempo, entre a culpa e a desresponsabilização.
Lentamente vamos ficando marcados pelo sofrimento que infligindo a nós mesmos e aos outros (porque também o sofrimento que infligimos aos outros nos marca indelevelmente).
Afundamo-nos neste mar de ilusões à procura sabe-se lá do quê, andando aos círculos, como os cães, a tentar agarrar a cauda. A mente egocêntrica é capaz de arranjar, sempre, argumentos culpabilizantes ou desculpabilizantes para todas as nossas acções.
Dependendo daquilo a que convencionámos chamar «personalidade», ou nos deleitamos com a culpa (a vitimização é um dos mais fortes estimulantes do ego), ou nos descartamos das consequências das nossas acções, como quem deita lixo num contentor.
Em determinadas alturas da vida, somos capazes de fabricar, convictos, os mais coloridos argumentos sobre o que queremos e não queremos das nossas vidas. Quem nos ouvisse ficaria espantado com a nossa lucidez e capacidade para tomar as mais importantes e «justas» decisões. Passado algum tempo, movidos pela acção impulsiva – atracção/repulsa – ou pela acção repressiva, agimos da forma exactamente ao contrário daquilo que afirmávamos com tanta convicção pouco tempo antes.

Se esta forma de viver nos trouxesse uma felicidade (pelo menos um bem-estar) duradoura, pois bem, nada de errado haveria com esta forma de proceder no nosso quotidiano. A questão é que esta forma vida nos traz sempre resultados devastadores. Principalmente porque se vai degradando a semente de uma verdadeira liberdade (e paz) interior.
No fundo tudo isto é muito semelhante ao consumo de drogas. O problema não está na droga em si, mas no facto de que o seu efeito, apesar de poder ser agradável, não é duradouro e não nos conduz a lado nenhum que não seja à degradação progressiva. O efeito da droga passa e cá estamos, no mesmo lugar, com os mesmos problemas e sofrimentos, mas cada vez mais descontrolados e infelizes numa roda de desgaste e infelicidade.
Nada nos fará sair deste «círculo de feras» enquanto não soubermos controlar a nossa mente envés de ser controlados por ela. Enquanto não formos capazes de controlar o impulso descontrolado (atracão/repulsa) e a repressão cega dos nossos potenciais.
Quando esse estado de calma mental acontece uma paz inesperada faz desabrochar a flor do amor pleno dentro de nós. Amor esse que não se procura mas se encontra se soubermos estar atentos aos sinais da sua presença, sensíveis, disponíveis e despertos ao que nos rodeia.
Para isso é essencial parar o movimento ruidoso da mente. Parar o ciclo vicioso do quotidiano das ilusões. Parar a impulsividade ou a repressão.
Estar sentado, nem que seja por uns minutos, e deixar a nossa mente descansar – tornar a nossa mente «não-mente», todo o sentido da nossa vida se altera instantaneamente, invadidos por uma clara visão do universo, sem conceitos, passando a habitar (pode até ser por um segundo) a plenitude de um vazio pacificador que engloba todos os seres.
Passámos tantas vidas a experimentar o ruído, a «mente-ego». Porque não experimentar agora esta possibilidade de libertação?

K.T.

domingo, 12 de novembro de 2006

Sobre o «Sutra do Coração»

«O Vazio é a Forma
A Forma não é diferente do Vazio
O Vazio não é diferente da Forma.
Do mesmo modo as sensações, as percepções
e as formações mentais e a consciência
são Vazias.»



Meu pobre corpo! Já Platão te reconhecia como a «um mau companheiro» pois que, por causa das suas necessidades, o Espírito é impedido de se aplicar na busca do verdadeiro conhecimento.
Meu irmão corpo, como dizia o «Pobrezinho de Assis» ao pedir perdão de tão mal ter tratado o seu.
Meu irmão corpo onde estão os meus olhos, os meus ouvidos, o meu cérebro. És o invólucro do meu Espírito, da minha consciência.
Meu irmão corpo: Eu te agradeço o indispensável conhecimento sensível que me adapta à vida e que me dá bases para escalar a montanha escarpada que leva ao inteligível.
Não é por orgulho mas sim por necessidade de espírito que empreendi e persisto na subida. Nem sei há quantos séculos.
«O Vazio é a Forma
A Forma não é diferente do vazio...
Os fenómenos são vacuidade. Não têm características, nem origem, nem fim...»
Pretendo visualizar a Vacuidade mas ao fazê-lo sinto-me estonteada como que, presa de longa vertigem, esteja a cair num precipício branco de nevoeiro. Mas a Vacuidade não pode ser nunca forma. Ela é a Forma Absoluta a quem chamamos Deus, que tudo contém em si. A própria Vacuidade está cheia Dele. Logo não existe.
O Homem procura com avidez e sofrimento chegar ao Conhecimento Transcendente a que só terá acesso quando, despojando-se de si, chegar a Deus.
Sinto-me um mísero átomo desgarrado. Estou cansada, e estou tão longe!
Deus, ó Deus! Aconchega-me numa prega do teu manto!

Irmã Maria Olga Afonso dos Reis
9 de Novembro de 2006

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Meditação Yogui - Annie Besant








Meditação Yogui
Tradução do Sânscrito para Inglês: Annie Besant

IIª Presidente Internacional da Sociedade Teosófica

«Eu não sou o meu corpo,
Eu não sou os meus sentimentos,
Eu não sou o meu pensamento,
Contudo, sou mais radiante que o Sol,
Mais puro que a neve,
Mais rarefeito que o éter.
Eu, o Espírito que vive no meu coração.
Esse “Eu” sou eu.
Eu sou esse “Eu”.
Eu sou o que sou.»

domingo, 5 de novembro de 2006

«Sutra do Coração»



ESSÊNCIA DO VITORIOSO CONHECIMENTO TRANSCENDENTE
(Bhagavati-prajñaparamita-hridaya)
«SUTRA DO CORAÇÃO»
(Tradução para português: UNIÃO BUDISTA PORTUGUESA)


Assim escutei eu:

Um dia o Bagawat, que se encontrava em Rajguir, sobre a colina dos abutres, em companhia da grande Comunidade dos monjes e da grande Comunidade de Bodhisattvas, entrou no samadi chamado «Percepção Profunda», que examina a fundo todos os fenómenos.
No mesmo momento, o sublime Bodhisattva Avalokiteshvara (Chenrezi), em estado de absorção no Conhecimento Transcendente, viu que a natureza dos cinco agregados era vazia.
Depois, pelo poder do Buda, o Venerável Shariputra perguntou ao bodhisattva mahasattva Avalokiteshvara:
«Como podem exercitar-se os homens e as mulheres afortunados que desejem realizar o profundo Conhecimento Transcendente?» Assim falou ele.
Então o bodhisattva mahasatva Avalokiteshvara respondeu ao Venerável Shariputra:
«Shariputra, aquele ou aquela que quer dedicar-se à prática do profundo Conhecimento Transcendente deve ver assim:
O VAZIO É A FORMA
A FORMA NÃO É DIFERENTE DO VAZIO
O VAZIO NÃO É DIFERENTE DA FORMA.
Do mesmo modo as SENSAÇÕES, as PERCEPÇÕES, as FORMAÇÕES MENTAIS e a CONSCIÊNCIA SÃO VAZIAS.
Assim, Shariputra, todos os fenómenos são VACUIDADE. Não têm características, nem origem, nem fim.
São sem impureza, livres de toda a impureza. Não aumentam nem diminuem.
Eis porque no seio da VACUIDADE não há nem forma, nem sensação, nem percepção, nem formação mental, nem consciência.
Não há olho, nem orelha, nem nariz, nem língua, nem corpo, nem espírito; não há nem forma, nem som, nem odor, nem sabor, nem contacto, nem fenómeno mental. Não há qualidades inerentes à visão, ao ouvido, ao gosto, ao tocar, ao mental e à consciência mental.
Não há nem ignorância, nem velhice, nem morte, nem a sua cessação respectiva.
Do mesmo modo, não há nem sofrimento, nem origem do sofrimento, nem extinção do sofrimento, nem via. Não há sabedoria, nem realização, nem não-realização.
Assim, Shariputra, pois que para os bodhisattvas não há nada a atingir, estes apoiam-se no Conhecimento Transcendente e nele permanecem. Com o espírito desprovido de todo o véu, eles são impávidos. Transcendem toda a visão errónea e passaram definitivamente além do sofrimento.
É apoiando-se no Conhecimento Transcendente que todos os Budas do passado, do presente e do futuro alcançam a budeidade absoluta, o Despertar perfeito e insuperável.
É por isso que o mantra do Conhecimento Transcendente, o mantra da grande clarividência, o mantra insuperável, o mantra inigualável, o mantra que alivia totalmente de todo o sofrimento não mente; sabei que ele é verdadeiro. Eis pois o mantra da Pefeição Trancendente:

TÉYATA – GATÉ GATÉ PARAGATÉ PARASAMGATÉ BODHI SOHA

Shariputra, é assim que um grande bodhisattva deve exercitar-se no profundo Conhecimento Trancendente.»
Em seguida, o Bhagawat emergiu do seu samadhi e felicitou o bodhisattva mahasattva Avalokiteshvara:
«Excelente! Excelente!
Nobre Filho! É isso! É isso!
O profundo Conhecimento transcendente deve ser praticado como tu o acabas de o dizer, e os Tathagatas regozijar-se-ão».
Depois de o Bhagawat ter assim falado, o Venerável Shariputra, o bodhisattva Avalokiteshvara, todos aqueles que os rodeavam e o mundo com os deuses, os humanos, os semideuses e os gandharvas regozijaram-se e louvaram sinceramente as Suas Palavras.

Aqui se conclui a sublime Essência do Conhecimento Trancendente.


Se queres pôr em prática este Sutra, visualizai diante de vós, no céu, o Tathagata no gesto de subjugação das forças negativas, rodeado por Avalokiteshvara e Shariputra que se interrogam e da Sangha do grande e do pequeno Veículo. Recitai tantas vezes quantas puderdes – no mínimo sete – este profundo Sutra e o mantra, contemplando o sentido da vacuidade.


No fim, para repelir as forças negativas, recitai isto:

«Eu presto homenagem ao Buda;
Eu presto homenagem ao Dharma;
Eu presto homenagem à Sangha;
Eu presto homenagem ao Conhecimento Transcendente, a sublime Mãe;
Que todas as minhas palavras de verdade se cumpram!
Como Indra, o rei dos deuses que outrora, contemplando o sentido profundo da Prajñaparamita e recitando-lhe as palavras, repeliu todas as forças negativas e as circunstâncias adversas, possa eu próprio contemplar o sentido profundo do Conhecimento Transcendente, a sublime Mãe, recitar-lhe as palavras e assim repelir todas as forças negativas e as circunstâncias desfavoráveis!
Que elas sejam aniquiladas!
Que elas sejam pacificadas!
Que elas sejam totalmente pacificadas!»

Para terminar, dizei ainda isto:

«Homenagem àquele que mostra que o que surge em interdependência não nasce nem cessa, nem é eterno nem nada, não vai nem vem, não é um nem múltiplo.
Homenagem àquele que dissipa estes conceitos, Àquele que é o perfeito Buda, O mais sublime entre os homens.

De seguida recitai orações de dedicatória e de bons votos.

domingo, 29 de outubro de 2006

Carta nº 1




Carta nº1 – Novembro de 2006



«A Responsabilidade de se ser amado»

Minhas Irmãs e Irmãos,

Quando falamos de amor, na maior parte dos casos, pensamos em amar. E isso está certo. O Amor implica a acção de Amar.
Todos os grandes Mestres da Humanidade, apelaram a essa acção contínua: Amar incondicionalmente, todos os seres, sem distinção de espécies, de condições de existência ou formas de aparição. Dentro da espécie humana, esses mesmos Mestres, também (apenas) apelaram ao Amor incondicional, sem distinção de sexos, de raças, de credos, de condições sociais. Foram seres revolucionários. Alguns deles, perderam, fisicamente, as suas formas de Aparição – a maneira como se nos mostraram – em actos de grande violência, outros tiveram uma Presença Terrena duradoira e profícua, permitindo que os seus ensinamentos fossem dados de forma directa a todos aqueles que se aproximavam.
De boca a ouvido, esses ensinamentos chegaram até hoje. É certo que por vezes de uma forma velada, outras de uma forma objectiva. Umas vezes foram usados símbolos e metáforas para transmitir esses conhecimentos, outras vezes eles foram transmitidos sem ocultações nem véus.
O facto é que esses ensinamentos chegaram aos nossos dias e a essência desses ensinamentos é sempre a mais preciosa trindade da Vida-Una: O AMOR, A COMPAIXÃO, A BONDADE – sem limites, sem objectivos, sem dogma, sem expectativa.
Do meu ponto de vista não há discípulos. O discipulado é invenção separatista do todo, do grande sentido da Vida que tudo engloba, sem passado, sem presente, sem futuro (todas estas palavras implicam conceitos e um pensamento racionalizado, portanto subjectivo) –; com efeito, onde acaba o Mestre e começamos nós? Onde acabamos nós e começa o Mestre? Será possível a alguém determinar essa separação?
Se observarmos, basta sentarmo-nos e observar, tranquilamente, alguém pode ser detentor do Amor, da Compaixão e da Bondade? Parece-me um facto que não. E, assim, nada nos separa do Mestre. O Mestre somos nós e nós somos o Mestre.
Por vício, por medo, por insegurança, por condicionamento puro psicológico, habituamo-nos a ver os nossos Amigos Espirituais como seres «divinizados», seres altamente «realizados» e, com o tempo tornamo-nos completamente dependentes deles. Até porque essa ligação a um Guru, a Lama, a um Prior… um Professor vai sendo efabulada pela nossa mente. Quanto mais consideramos esse Professor alguém profundamente Iluminado, mais sentimos o nosso ego inchar: «Olhem bem! «EU», sou discípulo do Prior tal, do Santo, do Grande Lama, do Magistral Guru. Um passo à frente e até já nos sentimos os seus preferidos, embaixadores da realização espiritual (coisa que na verdade não sabemos o que é) daquilo a que por conveniência chamamos «O nosso Mestre». Isso conforta-nos o ego, dá-nos uma sensação de protecção, de autoridade. Mas o facto é que tudo isso é tão ilusório como confundir «uma corda com uma cobra».
Encaremos o precioso ensinamento do Amor-Amar, da Compaixão-Acção, da Bondade-Coração, com toda a simplicidade, sem subterfúgios, sem nos resguardarmos sob a autoridade de ninguém, seja esse «alguém», Buda, Cristo, um «Mestre» de determinada religião, os nossos pais, Deus, os Anjos, Bodhisatvas… enfim, toda a panóplia se «coisas» que chamamos a esses seres com a arrogância de sabermos do que falamos.
Encaremos estes ensinamentos apenas como um testemunho de alguém amigo, sem imediatamente nos considerarmos discípulos ou o que quer que seja de parecido. Aceitemos de uma vez a responsabilidade de sermos o Mestre de nós mesmos, com todas as consequências disso mesmo.

Por vezes, quando amamos, ou até quando simplesmente sorrimos genuinamente a alguém, despertamos nesse ser uma Luz que jamais se extingue. «Somos responsáveis [os únicos responsáveis] por aqueles que cativamos.» Encontramos esta frase nas páginas de «O Principezinho» Antoine de Saint-Exupéry. E assim é. Amar não é uma «coisa» que nos acontece, dura um tempo e depois se desvanece. Isso não é Amor. Amar é também ser-se Amado. Quando dizemos que deixámos de amar alguém e afastamos esse ser do nosso amplexo, não só estamos a iludir-nos (mais uma vez) quanto àquilo a que chamamos amor, como estamos a impedir que esse ser que cativamos, ame.
Amar uma pessoa, não é diferente de amar o universo inteiro. E amar não é um «mar de rosas». Ou talvez seja. Mas o mar também é dotado de marés vivas e correntes perigosas que é preciso aprender, compassivamente, a integrar a forma natural de o mar «ser». E as rosas, toda a gente sabe isso, têm espinhos. Será que preferiríamos um mar morto e rosas mutantes, sem espinhos, sem aquilo que é a sua natural forma de ser rosa? Para a maioria de nós sim. É um facto que, mesmo inconscientemente, preferiríamos isso. Mas a Vida, felizmente, preserva a sua imensa criatividade e coloca-nos os maiores desafios. Por outo lado, infelizmente, confrontados com esses desafios preferimos desistir, tornarmo-nos irresponsáveis perante o facto de sermos amados, e ao sermos amados esse ser (ou seres) estar a amar todo o universo.
Honrar o compromisso do coração de amar e ser amado é uma imensa responsabilidade. Podemos não a querer assumir. Somos absolutamente livres para decidir. Mas não nos iludamos dizendo que «amámos». Isso é um artificio psicológico para permitir a nossa fuga à responsabilidade de amar e deixar amar. O Amor não acaba. Não cessa. Observemos com o cuidado de quem trata de um bebé recém-nascido, aquilo que se passa connosco quando declaramos já não amar alguém. No mínimo, em breve, estaremos a tornar-nos fantasmas a penar numa procura sem fim, quando envés de procurarmos podemos encontrar, todo o amor do cosmo, à nossa frente. O Amor-Pleno sempre esteve à nossa frente pronto para ser encontrado.
Para isso, para esse amor incondicional, não precisamos de «condições especiais», Mestres, Professores, Instituições, Religiões, Negações, Afirmações. A vida espera-nos plena desse Amor. Por favor não o procurem. Não se tornem fantasmas. Encontrem-no e sejam responsáveis por ele. Isso acontecerá, instantaneamente. AQUI-AGORA. Se nos sentarmos, respirarmos e pararmos a praga, que aceitámos como verdade, de que a vida é uma demanda reparamos que Graal sempre esteve ao alcance das nossas mãos. O Graal encontra-se, mas jamais se procura. Nós já somos esse ser amoroso e compassivo e bondoso. Assim amemos. Assim nos deixemos amar. Sem juízos. Sem concepções. E estaremos a amar e deixar a amar, a vida. E não há senão Vida.


Konchok Thinley
(Padre Frederico Mira George)

Cartas «Mosteiro Branco»

Prezados Irmãos e Irmãs,
Aqui está a primeira carta da «COMUNIDADE DE ENCONTRO ECUMÉNICO "MOSTEIRO BRANCO"».
Se desejar receber esta carta em papel, por favor indique-nos o endereço para o qual a devemos enviar.
O conteúdo destas cartas estão abertas à participação de todos os que assim o desejarem. Independentemente dos pontos de vista apresentados.
Todas as cartas são da responsabilidade dos seus autores e não reflectem uma opinião oficial da «Comunidade». Coisa que aliás não tem sobre nenhum assunto.
A expressão é livre, tal como os assuntos que nelas serão tratados não obrigam a nenhuma linha de conteúdo.

Fraternalmente,
Konchok Thinley
(Pde. Frederico Mira George.'.)