domingo, 12 de novembro de 2006

Sobre o «Sutra do Coração»

«O Vazio é a Forma
A Forma não é diferente do Vazio
O Vazio não é diferente da Forma.
Do mesmo modo as sensações, as percepções
e as formações mentais e a consciência
são Vazias.»



Meu pobre corpo! Já Platão te reconhecia como a «um mau companheiro» pois que, por causa das suas necessidades, o Espírito é impedido de se aplicar na busca do verdadeiro conhecimento.
Meu irmão corpo, como dizia o «Pobrezinho de Assis» ao pedir perdão de tão mal ter tratado o seu.
Meu irmão corpo onde estão os meus olhos, os meus ouvidos, o meu cérebro. És o invólucro do meu Espírito, da minha consciência.
Meu irmão corpo: Eu te agradeço o indispensável conhecimento sensível que me adapta à vida e que me dá bases para escalar a montanha escarpada que leva ao inteligível.
Não é por orgulho mas sim por necessidade de espírito que empreendi e persisto na subida. Nem sei há quantos séculos.
«O Vazio é a Forma
A Forma não é diferente do vazio...
Os fenómenos são vacuidade. Não têm características, nem origem, nem fim...»
Pretendo visualizar a Vacuidade mas ao fazê-lo sinto-me estonteada como que, presa de longa vertigem, esteja a cair num precipício branco de nevoeiro. Mas a Vacuidade não pode ser nunca forma. Ela é a Forma Absoluta a quem chamamos Deus, que tudo contém em si. A própria Vacuidade está cheia Dele. Logo não existe.
O Homem procura com avidez e sofrimento chegar ao Conhecimento Transcendente a que só terá acesso quando, despojando-se de si, chegar a Deus.
Sinto-me um mísero átomo desgarrado. Estou cansada, e estou tão longe!
Deus, ó Deus! Aconchega-me numa prega do teu manto!

Irmã Maria Olga Afonso dos Reis
9 de Novembro de 2006

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