domingo, 5 de novembro de 2006

«Sutra do Coração»



ESSÊNCIA DO VITORIOSO CONHECIMENTO TRANSCENDENTE
(Bhagavati-prajñaparamita-hridaya)
«SUTRA DO CORAÇÃO»
(Tradução para português: UNIÃO BUDISTA PORTUGUESA)


Assim escutei eu:

Um dia o Bagawat, que se encontrava em Rajguir, sobre a colina dos abutres, em companhia da grande Comunidade dos monjes e da grande Comunidade de Bodhisattvas, entrou no samadi chamado «Percepção Profunda», que examina a fundo todos os fenómenos.
No mesmo momento, o sublime Bodhisattva Avalokiteshvara (Chenrezi), em estado de absorção no Conhecimento Transcendente, viu que a natureza dos cinco agregados era vazia.
Depois, pelo poder do Buda, o Venerável Shariputra perguntou ao bodhisattva mahasattva Avalokiteshvara:
«Como podem exercitar-se os homens e as mulheres afortunados que desejem realizar o profundo Conhecimento Transcendente?» Assim falou ele.
Então o bodhisattva mahasatva Avalokiteshvara respondeu ao Venerável Shariputra:
«Shariputra, aquele ou aquela que quer dedicar-se à prática do profundo Conhecimento Transcendente deve ver assim:
O VAZIO É A FORMA
A FORMA NÃO É DIFERENTE DO VAZIO
O VAZIO NÃO É DIFERENTE DA FORMA.
Do mesmo modo as SENSAÇÕES, as PERCEPÇÕES, as FORMAÇÕES MENTAIS e a CONSCIÊNCIA SÃO VAZIAS.
Assim, Shariputra, todos os fenómenos são VACUIDADE. Não têm características, nem origem, nem fim.
São sem impureza, livres de toda a impureza. Não aumentam nem diminuem.
Eis porque no seio da VACUIDADE não há nem forma, nem sensação, nem percepção, nem formação mental, nem consciência.
Não há olho, nem orelha, nem nariz, nem língua, nem corpo, nem espírito; não há nem forma, nem som, nem odor, nem sabor, nem contacto, nem fenómeno mental. Não há qualidades inerentes à visão, ao ouvido, ao gosto, ao tocar, ao mental e à consciência mental.
Não há nem ignorância, nem velhice, nem morte, nem a sua cessação respectiva.
Do mesmo modo, não há nem sofrimento, nem origem do sofrimento, nem extinção do sofrimento, nem via. Não há sabedoria, nem realização, nem não-realização.
Assim, Shariputra, pois que para os bodhisattvas não há nada a atingir, estes apoiam-se no Conhecimento Transcendente e nele permanecem. Com o espírito desprovido de todo o véu, eles são impávidos. Transcendem toda a visão errónea e passaram definitivamente além do sofrimento.
É apoiando-se no Conhecimento Transcendente que todos os Budas do passado, do presente e do futuro alcançam a budeidade absoluta, o Despertar perfeito e insuperável.
É por isso que o mantra do Conhecimento Transcendente, o mantra da grande clarividência, o mantra insuperável, o mantra inigualável, o mantra que alivia totalmente de todo o sofrimento não mente; sabei que ele é verdadeiro. Eis pois o mantra da Pefeição Trancendente:

TÉYATA – GATÉ GATÉ PARAGATÉ PARASAMGATÉ BODHI SOHA

Shariputra, é assim que um grande bodhisattva deve exercitar-se no profundo Conhecimento Trancendente.»
Em seguida, o Bhagawat emergiu do seu samadhi e felicitou o bodhisattva mahasattva Avalokiteshvara:
«Excelente! Excelente!
Nobre Filho! É isso! É isso!
O profundo Conhecimento transcendente deve ser praticado como tu o acabas de o dizer, e os Tathagatas regozijar-se-ão».
Depois de o Bhagawat ter assim falado, o Venerável Shariputra, o bodhisattva Avalokiteshvara, todos aqueles que os rodeavam e o mundo com os deuses, os humanos, os semideuses e os gandharvas regozijaram-se e louvaram sinceramente as Suas Palavras.

Aqui se conclui a sublime Essência do Conhecimento Trancendente.


Se queres pôr em prática este Sutra, visualizai diante de vós, no céu, o Tathagata no gesto de subjugação das forças negativas, rodeado por Avalokiteshvara e Shariputra que se interrogam e da Sangha do grande e do pequeno Veículo. Recitai tantas vezes quantas puderdes – no mínimo sete – este profundo Sutra e o mantra, contemplando o sentido da vacuidade.


No fim, para repelir as forças negativas, recitai isto:

«Eu presto homenagem ao Buda;
Eu presto homenagem ao Dharma;
Eu presto homenagem à Sangha;
Eu presto homenagem ao Conhecimento Transcendente, a sublime Mãe;
Que todas as minhas palavras de verdade se cumpram!
Como Indra, o rei dos deuses que outrora, contemplando o sentido profundo da Prajñaparamita e recitando-lhe as palavras, repeliu todas as forças negativas e as circunstâncias adversas, possa eu próprio contemplar o sentido profundo do Conhecimento Transcendente, a sublime Mãe, recitar-lhe as palavras e assim repelir todas as forças negativas e as circunstâncias desfavoráveis!
Que elas sejam aniquiladas!
Que elas sejam pacificadas!
Que elas sejam totalmente pacificadas!»

Para terminar, dizei ainda isto:

«Homenagem àquele que mostra que o que surge em interdependência não nasce nem cessa, nem é eterno nem nada, não vai nem vem, não é um nem múltiplo.
Homenagem àquele que dissipa estes conceitos, Àquele que é o perfeito Buda, O mais sublime entre os homens.

De seguida recitai orações de dedicatória e de bons votos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lindo. Lindo.